quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Férias férias, críticas à parte.

Cinema e férias andam juntos, ainda mais quando você tem a semana livre e um tanto de filmes em cartaz pra ver. Mas é claro que eu não podia deixar passar minhas humildes e sutis críticas apesar do clima "tá tudo muito bom, tá tudo muito bem" que as férias e o verão passam. Pois bem... O filme da vez foi "Lula, o filho do Brasil". Por mais que as campanhas de divulgação do filme tentem reverter, o objetivo do longa que retrata a vida do nosso presisente é bastante claro: pintar e fixar para a população a imagem de herói de Lula. A história do metalúrgico não é muito diferente de tantos brasileiros que saem do sertão nordestino para tentar uma vida melhor na grande São Paulo. O enredo foca na vida e na luta de Luís Inácio e mostra o inicial desinteresse que tinha pela política, tudo sempre norteado pela força e apoio da mãe Dona Lindu. Foco esse que foi utilizado na campanha do filme que vem sendo divulgado, onde Glória Pires (Dona Lindu) tenta passar que a mensagem principal é o retrato de uma mulher forte que criou os filhos sozinha ultrapassando as dificuldades de uma vida de retirante. De fato, o filme mostra a força dessa mulher e o suporte que ela dá ao filho. Mas certamente, aqueles com um pouco mais de senso crítico consegue perceber como a falta de partidarismo claro e a imagem de Lula como herói Hollywoodiano é utilizada para popularizar ainda mais a figura do então presidente. Lula não é de direita ou de esquerda, não é comunista nem se quer do PT (o partido não é nem ao menos citado), Lula é "do povo". "do trabalhador". As ações mostram o constante meio termo do político, que luta sempre em prol da classe desfavorecida. Não acho que isso o faça um mal governante, ou um farsante por assim dizer, apenas não sejamos hipócritas e deixemos passar o claro motivo desse longa. Vale salientar a mechandising massante do filme. Souza Cruz e Brahma pratocinaram fortemente essa produção, e cá entre nós, o tanto que o protagonista fuma e comemora com a "número 1" já fez a empresas desembolsarem um pesado investimento. Até um slogan recente da cerveja virou fala do presidente do sindicato "Nós viemos aqui pra beber ou pra conversar?!". Apesar de tudo, a história é verdadeira e comovente (me fez até chorar no final) dada as devidas proporções ao sensasionalimo, e claro, deixando sempre o alerta do senso crítico ligado.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(por Mirella Pessoa)

4 comentários:

  1. Para os interessados no assunto, acessem o link http://veja.abril.com.br/251109/a-construcao-de-um-mito-p-76.shtml


    É importante notar tbm Mih, que nao apenas isso, o filme tbm funciona como um amaciamento da população quanto à eleição do ano que vem. Dilma, a candidata do governo, levará muitos votos do partido e dos simpatizantes do filme. E acredite, nao foi so a SOUZA CRUZ e a Brahma que saíram ganhando com o patrocínio do longa. O filme foi patrocinado por empresas como a AMBEV, que possuem negócios com o governo. No caso dessa última, o BNDES destinou 319 milhoes de reais para a empresa.

    Once again, Mih, uma crítica relevante e palpável. Estamos com saudade, volte re Recife preta do sol e cheia de sorrisos, viu?

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  2. First of all, o filme da vez se chama Avatar. "Lula, o filho do Brasil" ainda não atingiu em um mês a bilheteria esperada para a estréia. Segundo, o Partido dos Trabalhadores não foi citado sequer uma vez no filme porque foi fundado (adivinhe!) no ano em que o filme acaba, 1980, o ano da morte de Dona Lindu. Apenas cheque as datas.

    "A história do metalúrgico não é muito diferente de tantos brasileiros(...)" Ah, é? Qual outro você conhece, na face da terra, que tenha se tornado presidente da república?

    No mais, nenhuma grande descoberta no que você disse. É claro que o filme não toma posicionamento político com o pensado objetivo de agradar gregos e troianos. E é claro que as grandes empresas patrocinaram o filme não somente pelas boas relações com o governo, mas também para aparecerem nas cenas do filme que esperavam ser o mais visto do ano.

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  3. First Of all, "o filme da vez" é o MEU filme da vez, o que EU fui assistir e decidi falar sobre.

    O final do filme termina com o discurso de posse e ainda assim o Partido não é citado, não digo que ele necessariamente precisaria estar no enredo, apenas fazendo a observação do fato de não aparecer em nenhum contexto.

    Não é muito diferente o fato de sair do sertão nordestino para tentar a vida em São Paulo...

    Sim sim, minhas observações são claras sim... assim como eu comento no meu texto a questão de assistir ao filme com todo o senso crítico e coisa e tal. Mas eu quis registrá-las mesmo assim, afinal, é pra isso que os blogs e a internet servem, não é mesmo?

    Toda Crítica é bem vinda de qualquer forma, obrigada pela visita.

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  4. Fourth of all, gostei da sua ideia, Mirela, de falar sobre o filme, suas críticas (na minha opinião) foram acertadas e acredito que você não queria descubrir nada... mas sim fazer suas considerações/expor seus pensamentos. De qualquer forma, que o referido filme tem um carater político isso é inegável principalmente devido ao contexto em que estamos inseridos e acredito que ele seria político mesmo que estivessemos em outra época, pois seria visto como propaganda de esquerda (caso o PT não estivesse no governo). A Minny colocou um link no inicio do comentario dela... eu li o texto. Abro um parênteses pra falar que o link é da revista veja e essa revista é obvia e visevelmente totalmente de direita. Tão de direita que eu nao consigo começar a ler nem sequer uma de suas reportagens sem levar comigo um grande preconceito e uma expectativa de ser contrariado ou, no mínimo, decepcionado. Fechando o parênteses, sobre os patrocinadores do filme e o jabá que é feit... acredito que hoje isso (o jabá) seja comum e podemos ver vários filmes (de Hollywood a Bollywood) com propaganda explícita e oculta. E sobre a "raríssima" - vide veja - criação do mito em democracias podemos observar a criação de um mito em alguns outros estados democraticos como, por exemplo,-tcharan- USA

    http://www.youtube.com/watch?v=kVFdAJRVm94

    Não vou defender pontos de vista políticos, pois acredito que essa discussão, aqui e agora, seja inócua. Enfim, propaganda política ou não tem-se um bom filme e o senso crítico deve permanecer em alerta - não somente para esse filme, mas para qualquer filme, livro, música etc.

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