sábado, 30 de janeiro de 2010

Crônica: Amor nos tempos de Engov

 As pessoas ficam engraçadas quando se apaixonam. Vide o olhar perdido no horizonte, o sorriso bobo e a áurea de encantamento que acompanha os passos da vítima. O amor é uma lente que distorce o senso estético da realidade. O sujeito, tão másculo e viril nas rodas de bar, vira bombonzinho, xuxuzinho... E quem antes nem tomava banho, começa a nadar em perfume. Devo dizer, os sintomas extrapolam a esfera do sentimentalismo, mas as palpitações e suores noturnos não são exclusividades da extensão corporal dos danos. Nem toda emoção é feita de lágrimas e tremores. Eu, por exemplo, vomito. Há quem diga que isso é nojento. Eu não acho. É romantismo, puro e digerido!

  Confesso, é meio incômodo esse pequeno desarranjo estomacal. Uma ligação inesperada, ou até mesmo um encontro fortuito, e lá estou eu. Vomitando até as tripas. Não é bonito nem agradável. O grande amor da sua vida ali parado na sua frente, e tudo que você consegue é agarrar o vaso sanitário. Deplorável, eu sei. Pior ainda é ter que explicar para a mamãe que não, eu não preciso ir ao hospital. As más línguas, então, adoram explicar os meus ataques: Bebedeira ou bulimia. Se eu falar que é amor, vira loucura.


              Quisera eu ser uma mulher normal, do tipo que chora. Mas não lamento a excentricidade. É bem mais bonito e poético amar desse jeito. Nada posso fazer se minhas ânsias são tão fortes quanto literais. E quão romântico é pensar, no final: Jamais vomitei por alguém assim.




  Fabiane Guimarães

3 comentários:

  1. "Jamais vomitei por algúem assim."

    Aahhhh... *-* que romântico! Eu também te amo... (L)

    ResponderExcluir
  2. Sou sua fã literal e romantizada, Fabi.
    O amor já não cabe em si mesmo, tem que sair de algum jeito: vomitando, escrevendo...rsrs.
    Saudades, volte logo.

    ResponderExcluir
  3. huaehuaheuhaeuh
    seria trájico se não fosse cômico..

    adoro os textos da Fabi
    bju gata

    ResponderExcluir