O mundo perfeito

Minha mãe sempre me disse que todos que optavam pelo curso de comunicação deviam ter pelo menos um pouquinho de loucura em suas veias. Nunca entendi muito isso e sempre me senti normal o suficiente fazendo tal escolha; mas é com o andar do curso e as constantes propostas nada convencionais que começamos a nos perguntar se isso não seria verdade.
Bem, estou à frente de mais um desses desafios: devo dar uma de “reformadora do mundo” acabando com alguma coisa que o impeça de ser perfeito. Mas enfim, o que mudaria eu no mundo? O que faria para ele ficar perfeito? Tanta coisa a se fazer... a fome, claro! Alimentar-se é ao mesmo tempo um prazer e uma necessidade da vida. Então é isso, quero acabar com a fome!
Não estou me sentindo bem, acho melhor voltar para casa! Chego, tomo um remédio e me alimento; quem foi que disse mesmo que a inspiração vem depois do almoço? Começo a escrever: a fome... todos temos a necessidade de nos alimentarmos, mas infelizmente nem todos... dor! Calma, o remédio logo faz efeito! Como ia dizendo, nem todos têm o privilégio de ter acesso a ... muita dor! Droga será que isso não melhora nunca?! Assim não dá pra escrever! Tempo pra ver se passa.... quer saber, não basta acabar com a fome para termos um mundo perfeito, precisa-se acabar com a cólica! Cólica sim! Para muitos pode parecer um pedido idiota, porque nunca passaram por isso, por que se tivessem passado... Tenho certeza que nesse exato momento deve haver um que venha a aderir a minha proposta. Só vivendo para entender! Aquela dorzinha na parte baixa da barriga que se espalha pelas costas, não se restringindo, na maioria vezes, àquelas áreas e que por mais “rápido” que o remédio faça efeito, para quem a sente, parece uma eternidade.
Dor por si só já é ruim; é a mais pura negação da natureza humana, dor numa época em que estamos mais sensibilizadas então... perde-se o humor, a inspiração, fica-se irritada. Aproveito e peço desculpas àqueles a quem já irritei quando nesse estado! Juro, não é frescura, muitas poderão comprovar o que afirmo. Mas se tem uma coisa que aprendi nessas situações, foi a valorizar meus momentos sãos.
Não sei se um dia, com o avançar da ciência, descobriram a cura para cólica, embora ficaria eternamente grata a quem o fizesse. Mas enquanto não acham a tão sonhada cura, deixo apenas um conselho: o simples fato de desabafar já ajuda bastante. Ah... claro, gostaria de deixar bem claro que ainda gostaria de acabar com a fome!

(Por Daphne Dias)